A verdade é que fui pega de surpresa... Morre Michael Jackson!!! Dia 25 de junho de 2009, às 2h e 06min (horário local), aos cinqüenta anos. Aprendi ao longo de minha humilde existência o evento morte está relegado a meros mortais... E que mitos não morrem, apenas descansam no Monte Olimpo... Foi assim com Martin Luther King, Elvis Presley, John Lennon, Princesa Diana, com o inesquecível brasileiro Ayrton Senna e assim será com Michael Jackson... Michael cantou a criança, cantou a terra, conclamou a salvação da África. Olhos de todo mundo se voltaram em direção a Michael que revolucionou a indústria fonográfica com o que fazia de melhor... Compor, produzir, dirigi, cantar, dançar. Michael era tudo isso e mais alguma coisa. Aliás, foi bailando como se no ar estivesse que Michael tornou mágico cada clipe, tornando-os com sentido, e no melhor estilo superprodução... É... Michael era um inovador, foi um bad boy, foi um gânster, foi transportado, esteve na lua, e no Egito antigo, simplesmente inserido, transmutando, ou brincando com sua própria imagem, obras da tecnologia. E cada clipe produzido por (ou para) Michael paria outros Michael’s, que saltavam de anonimato por cinco minutos de aparição nos concursos de TV. Mas a verdade é que imitando, dublando, cantando, dançando... Nenhuma cópia se comparava ao original. Nem podiam... Michael era único. Eu particularmente era fã incondicional do Michael integrante do Jackson Five... Não que o novo Michael não me atraísse, mas aquele Michael era o “maicom” da minha infância, que cantava... I never can say goodbye, “ABC”, aparecia nos desenhos animados e com quem eu tinha o sonho de me casar. Aquele menino que tinha graça e beleza, de narizinho bem largo e amassado, com a cabeleira no melhor estilo Black Power... É... No melhor estilo PODER NEGRO. Confesso que o assassinato daquele menino sim... Mexeu profundamente com a minha auto-estima. A cada mudança no seu visual, Michael provocava em mim intensa comoção. No começo, as pequenas cirurgias me soavam como pequenas correções, mas ao longo do tempo, suas cirurgias foram alcançando o status de megacirurgias cujas justificativas permanecem (pelo menos para mim) em verdadeira incógnita, já que a informação de que tinha vitiligo nunca foi oficialmente confirmada (pelo menos até onde sei). E não seria completo falar de Michael sem falar nas polêmicas e situações desastrosas que envolveram a sua breve existência. Penso que Michael era intenso, mas muito só... Talvez se Freud fosse vivo, Michael se tornasse um ótimo objeto de estudo... Afinal... Quem é que tendo sofrido abusos na infância não se torna um adulto problemático. Quem que não sofre os preconceitos impostos por raças ditas superiores, não amargam experiências que marcam suas vidas. Quem que aos cinco anos torna-se um ícone da música negra e cresce com a certeza de que não cairia no ostracismo. Michael era definitivamente um indivíduo doente... E extremamente emblemático. E talvez por todas as esquisitices cultivadas ao longo da vida fizeram-no adorado... Michael desde cedo teve que conviver com a responsabilidade de ser maior do que realmente era... E um dos fatos em que se percebe isto, são as transformações que seus irmãos, alguns até mesmo mais velhos, impuseram as suas próprias aparências. Michael tornou-se a imagem distorcida do valor negro, independente de suas reais motivações. Michael era humanitário, um beneficiário de grandes causas e este legado faz parte da sua história. Bom... A verdade é que o Ser Humano Michael Joseph Jackson saiu de cena... E agora neste momento resta a dor... E a certeza... Nasceu definitivamente a Lenda, o MITO - MICHAEL JACKSON.
